Comissão da OIT pede que saúde seja mais valorizada no ambiente de trabalho

A Comissão Global da Organização Internacional de Saúde (OIT) sobre o Futuro do Trabalho pediu mudanças fundamentais nas formas de se trabalhar em meio a uma nova onda de globalização, rápido desenvolvimento tecnológico, transição demográfica e mudança climática, segundo relatório publicado no dia 23 de janeiro.

O documento pondera maneiras de garantir um futuro melhor para todas as pessoas, em um momento de transformação sem precedentes e desafios excepcionais no mundo do trabalho.

Segundo a comissão, essas mudanças exigem que a saúde seja mais valorizada nos ambientes de trabalho. Todas e todos têm direito à saúde, que é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um estado de completo bem-estar físico e mental e não apenas a mera ausência de doenças. Os trabalhadores também têm o direito aos cuidados de saúde o mais próximo possível dos locais onde vivem e trabalham.

Locais de trabalho mais saudáveis e seguros podem prevenir ao menos 1,2 milhão de mortes todos os anos, de acordo com estudo da OMS realizado em 2018. “Mais mortes e incapacidades podem ser evitadas ao se enfrentar grandes ameaças à saúde no local de trabalho, como estresse, longas horas de trabalho, sedentarismo e doenças sensíveis ao clima e à poluição do ar no local de trabalho”, disse Maria Neira, diretora de Saúde Pública, Determinantes Ambientais e Sociais da Saúde da OMS, acrescentando que “o local de trabalho é um cenário-chave para a ação em muitas iniciativas  sobre meio ambiente e mudança climática, doenças crônicas não transmissíveis, saúde mental, tuberculose, HIV e outras doenças transmissíveis”.

A OMS acolhe a recomendação da Comissão Global de estabelecer uma Garantia Universal do Trabalho que inclua um conjunto de condições básicas, como salário digno adequado, limites de horas e locais seguros e saudáveis. Emprego justo e condições de trabalho decentes são poderosos determinantes da saúde, lembrou a agência.

A diretora da OMS para Saúde Mental e Abuso de Substâncias, Dévora Kestel, disse que “compartilhamos o interesse da Comissão Global sobre os possíveis efeitos para a saúde mental causados pelas novas tecnologias e organização do trabalho na economia digital e estamos ansiosos para colaborar com a OIT no desenvolvimento de recomendações para melhorar esse cenário”.

O organismo internacional trabalha com os países para estender a cobertura universal de saúde para mais 1 bilhão de pessoas, bem como intervenções e serviços básicos para locais de trabalho mais seguros e saudáveis para todas as formas de emprego, inclusive na economia informal, para trabalhadores migrantes e de plataformas digitais.

É no local de trabalho que a cobertura universal de saúde e a Garantia Universal do Trabalho podem fazer uma diferença visível na vida diária dos profissionais e dos locais onde atuam, lembrou a OMS. A agência da ONU afirmou estar comprometida em trabalhar com a OIT para que isso aconteça.

Em 2018, a OMS e a OIT estabeleceram uma coalizão global sobre segurança e saúde ocupacional como iniciativa de múltiplos parceiros de agências internacionais e nacionais. O objetivo é criar soluções comuns para os desafios da saúde e segurança no trabalho e estimular ações conjuntas dos setores de saúde e trabalho nos países.

Além disso, a OMS saúda a atenção dada pela Comissão Global sobre a economia da saúde e os cuidados de saúde e trabalha junto à OIT e à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para implementar um plano de ação global de cinco anos para criar novas e dignas oportunidades de trabalho nos serviços de saúde, garantindo assim a força necessária para a cobertura universal de saúde e estimulando o crescimento econômico.

“Um trabalho decente no setor de saúde exige locais saudáveis e seguros em todos os estabelecimentos, para todos os profissionais, desde hospitais aos cuidados primários, em cidades, aldeias e locais em situação de vulnerabilidade, a qualquer momento, no trabalho diário e em emergências de saúde pública”, afirmou Jim Campbell, diretor do Departamento de Trabalho em Saúde da OMS.

 

Fonte: Portal da Nações Unidas

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