Nova NR 17 e a novidade da Avaliação Ergonômica Preliminar
Com a revisão da NR 17, aparece a demanda da Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP). Todas as empresas, de qualquer porte ou risco, deverão fazê-la. Há lógica nesse encaminhamento, especialmente porque, com uma AEP bem feita, já se pode estimular a solução de uma série de situações. Assim, ficará reservada a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) para um número bem menor de situações, a serem mais bem esclarecidas.
Mas, que ferramenta utilizar? Antes de apresentar a ferramenta ideal, é importante esclarecer que existem pelo menos 18 fatores que influenciam na condição ergonômica de qualquer trabalho. Leia atentamente o quadro fatores que influenciam a condição de ergonomia de uma atividade, descrito abaixo, lembrando que, quanto mais fatores tiver a atividade analisada, pior será considerada sua condição ergonômica.
Tendo essa base conceitual, é importante a atenção a outros aspectos igualmente importantes:
- Esses 18 fatores não influenciam na condição ergonômica na mesma proporção;
- Eles são considerados, em princípio, como exigências e não necessariamente como riscos;
- No entanto, se existirem na forma caracterizada no checklist, fica explícito que aquela condição de trabalho “não passa” em nenhuma análise racional sobre condição de trabalho e tem que ser melhorada com prioridade;
- Porém, é preciso estar atento, pois a inexistência dos fatores relacionados no checklist não significa que a condição ergonômica esteja boa. Quer dizer apenas que o processo produtivo, em princípio, pode “rodar”, pois não há condições ergonômicas muito erradas.
RECOMENDAÇÕES
Analise, antes de começar a aplicar o checklist. Gaste algum tempo andando pela área de forma a entender o processo produtivo. Procure conhecer os principais produtos incluindo aqueles que, pelo peso maior ou maior produtividade, podem resultar em mais esforços ou processos mais acelerados. Identifique o modo de produção praticado quando ocorrem falhas em equipamentos. Também procure conhecer como são realizadas as atividades periféricas que envolvem o processo produtivo.
Documente a condição de trabalho inadequada com fotografia, na qual apareça o trabalhador executando a atividade de alta exigência.
Oriente a empresa quanto às medidas de correção, classificando-as da seguinte forma:
(a) situação passível de melhorias de baixo investimento ou pequenas melhorias; (b) solução conhecida, sendo necessário replicá-la naquele posto; (c) situação cuja melhoria necessita de estudo em maior profundidade. Para essas últimas, é indicada uma boa Análise Ergonômica do Trabalho.
Não deve o analista definir sozinho a solução, a não ser que tenha grande experiência com as questões encontradas. As melhores soluções são aquelas que resultam de um consenso entre o analista, o gerente, o engenheiro ou técnico do processo e um trabalhador experiente.
Fatores que influenciam a condição de ergonomia de uma atividade
- Postura básica de trabalho inadequada
- Força e esforço intensos
- Alta repetitividade sem os devidos tempos de recuperação
- Levantamento manual de pesos acima dos limites conhecidos
- Desvios posturais sabidamente críticos
- Contrações musculares estáticas sem a possibilidade de tempos de alívio
- Sobrecarga mental
- Alto dispêndio energético
- Calor
- Frio
- Vibração de corpo inteiro
- Vibração de ferramentas energizadas;
- Emanações: gases, poeiras e aerodispersóides
- Roupas constritivas
- Espaços restritos
- Iluminação deficiente
- Ruído intenso
- Risco de acidente pela própria condição de execução do trabalho
Texto publicado na coluna Ergonomia da Revista Proteção.
*Por Hudson de Araújo Couto, médico do trabalho, doutor em Administração, coordenador do curso de pós-graduação em Medicina do Trabalho e consultor de empresas
*Dennis Carvalho Couto, engenheiro de Controle e Automação e de Segurança do Trabalho