Burnout tem nova classificação da OMS no Brasil: como as empresas podem apoiar os colaboradores

O Brasil adotou, oficialmente, neste início de ano, a nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que reconhece a Síndrome de Burnout como uma doença ocupacional sob o código QD85, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse reconhecimento reforça a urgência de iniciativas voltadas ao bem-estar mental no ambiente corporativo, colocando o Burnout como uma questão central no mundo do trabalho.

Para especialistas, essa mudança representa um avanço significativo, trazendo maior clareza sobre os sintomas do Burnout – muitas vezes confundidos com outras condições mentais – e reforçando a necessidade de ações concretas para prevenir o esgotamento e promover a saúde mental.

“Reconhecer o Burnout como uma doença ocupacional dá visibilidade ao problema e abre caminhos para soluções práticas e medidas preventivas, responsabilizando empregadores pela criação de ambientes de trabalho mais saudáveis,” destaca Luis González, CEO e cofundador da Vidalink.

O que é a síndrome de Burnout?

O Burnout é caracterizado pelo esgotamento físico e mental, geralmente causado por exigências excessivas no trabalho e ambientes de alta pressão. Os principais sintomas incluem:

  • Esgotamento físico e mental: sensação de cansaço constante, mesmo após o descanso;
  • Alterações de humor: irritabilidade, apatia e sentimentos de fracasso;
  • Insônia: dificuldade em iniciar ou manter uma rotina de sono;
  • Dores musculares e de cabeça: reflexos do estresse mental em sintomas físicos;
  • Alterações nos batimentos cardíacos: indícios de estresse extremo.

Esses sintomas, que variam de pessoa para pessoa, podem levar a quadros mais graves de ansiedade e depressão, afetando diretamente a produtividade, a qualidade de vida e os relacionamentos dos trabalhadores.

O desafio do cuidado com a saúde mental no Brasil

Dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) mostram que cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros enfrentam a Síndrome de Burnout, colocando o Brasil como o segundo país com mais diagnósticos no mundo.

Além disso, o Check-up de Bem-Estar 2024, pesquisa conduzida pela Vidalink, revelou que:

  • 41% dos profissionais relatam sentir-se ansiosos na maior parte dos dias;
  • 17% combinam ansiedade com sentimentos de angústia;
  • Apenas 7% afirmam sentir-se felizes e realizados no trabalho;
  • 31% não adotam nenhuma atitude para cuidar da saúde mental, um aumento em relação aos 29% do ano anterior.

O levantamento, realizado com 10.300 colaboradores de 220 empresas, é o maior estudo sobre bem-estar corporativo do Brasil.

“Apesar da crescente visibilidade do tema, é essencial desconstruir estigmas relacionados ao Burnout. Criar um ambiente onde os colaboradores possam discutir suas dificuldades sem medo de retaliação é fundamental para prevenir o adoecimento” reforça González.

A influência das dificuldades financeiras

A saúde financeira é outro fator crítico no bem-estar emocional dos trabalhadores brasileiros. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), 78,5% das famílias relatam ter dívidas a vencer, o que agrava a pressão no ambiente de trabalho.

“Quando um trabalhador enfrenta dificuldades financeiras, ele frequentemente se sobrecarrega para sustentar a família, negligenciando sua saúde mental. É crucial que as empresas adotem uma abordagem humanizada, oferecendo benefícios que permitam acesso a recursos completos para o cuidado com o bem-estar,” explica González.

O que muda para trabalhadores e empresas?

Com a nova classificação da OMS, as empresas passam a ter uma responsabilidade ampliada na prevenção do Burnout. Entre as ações recomendadas estão:

  • Políticas de bem-estar: incentivar pausas, práticas de autocuidado e equilíbrio entre vida profissional e pessoal;
  • Treinamento de lideranças: capacitar gestores para identificar sinais de Burnout e oferecer suporte adequado;
  • Ambientes saudáveis: reduzir demandas excessivas e promover uma cultura organizacional de acolhimento.

A regulamentação também facilita o acesso a diagnósticos mais precisos e tratamentos eficazes, enquanto reforça a necessidade de medidas legais em casos de negligência.

Fonte: Mundo RH

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