Seconci-Rio na Mídia: Juros altos esfriam investimentos, mas novidade do Minha Casa, Minha Vida dá fôlego ao setor imobiliário

O Conselho Curador do FGTS aprovou, por unanimidade, nesta terça-feira, a proposta do governo federal que eleva o valor máximo dos imóveis financiados no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para famílias de menor renda. O argumento é que a medida vai recompor o poder de compra do programa e destravar novos empreendimentos no setor da habitação popular.

Ricardo Affonseca, CEO da Aros Inc, considerou a elevação do teto do Minha Casa, Minha Vida é uma medida necessária e positiva, já que o aumento dos custos da construção civil nos últimos anos, impulsionado pela inflação de insumos, mão de obra e terrenos, já havia deixado o programa defasado em relação à realidade do mercado.

– Essa atualização corrige parte dessa distorção e devolve fôlego às incorporadoras que atuam na habitação popular, permitindo que mais projetos se tornem economicamente viáveis.

O otimismo com o reajuste, porém, convive com uma preocupação persistente: o alto custo do crédito. A decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 15% é apontada por empresários como um dos principais entraves à retomada mais robusta da construção civil. Segundo os dados até julho da ABRAINC/Fipe, com informações de 20 incorporadoras associadas à entidade, de janeiro a julho, o volume de lançamentos subiu 19,9% em relação ao mesmo período de 2024, impulsionado por um salto de 26,6% nas novas unidades do MCMV. No entanto, o segmento médio e alto padrão registrou queda de 9,6% no número de unidades lançadas, refletindo maior sensibilidade à taxa de juros elevada.

– A manutenção dos juros nesse patamar traz preocupações significativas. Embora compreendamos a necessidade de conter pressões inflacionárias, juros elevados por um período prolongado impõem um forte freio à atividade produtiva, especialmente em um segmento intensivo em mão de obra e dependente de crédito como o nosso – afirma Aluísio Mendes Filho, presidente do Seconci-Rio (Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro).

Segundo ele, programas habitacionais e projetos de infraestrutura acabam sendo adiados ou redimensionados.

– O impacto dos juros altos não se limita ao investimento: ele repercute em toda a cadeia produtiva, reduzindo o ritmo das obras, aumentando o custo de capital de giro e comprometendo a sustentabilidade de pequenas e médias construtoras.

Para Eduardo Cruz, diretor da Emma Incorporadora, a percepção é de que há uma demanda reprimida, mas que ainda não encontra condições favoráveis para avançar.

– Qualquer negócio de longo prazo, dependente de capital intensivo como é o mercado imobiliário, sofre muito com essa alta taxa de juros. No momento é difícil avaliar novos investimentos. Entretanto, percebemos uma demanda represada, que com o primeiro sinal de baixa, tende a destravar quase que imediatamente.

Jornal O Globo || Coluna Míriam Leitão

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