Sustentabilidade na ordem do dia da Construção Civil
A prática proativa na área de sustentabilidade traz valor agregado para a empresa e é um diferencial no mercado, assim como a preocupação com o que se entrega para a sociedade é a chave para o desenvolvimento da construção. Essas foram as afirmações que nortearam as palestras do evento “O Futuro da Construção e o avanço da Agenda de Sustentabilidade na visão do consumidor, investidor e empreendedor”, que aconteceu na manhã de ontem (27) , reunindo profissionais da área de sustentabilidade para debater sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), e sua aplicação na construção civil.
Na abertura do evento, a presidente da Comissão de Responsabilidade Social da CBIC, Ana Cláudia Gomes, convocou todos os presentes para serem fontes inspiradoras da indústria da construção, encarando o desafio da sustentabilidade e pensando no papel da empresa nesse processo. Na sequência, o superintendente da Caixa, Cláudio Martins, reforçou a importância de um setor se preocupar e se engajar no debate sobre sustentabilidade como um caminho para o desenvolvimento do setor. “Precisamos falar sobre esse assunto de forma ampla. Não basta apenas fazer a nossa parte, temos que promover melhorias, articular parcerias e garantir a evolução dessa indústria”, destacou.
Iniciando os trabalhos, a assessora de Governança e Agenda 2030 do Pacto Global, Bárbara Dunin, explicou o que são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e como impactar positivamente a sociedade, cumprindo as metas de cada um desses objetivos. De acordo com ela, é preciso que haja integração das questões ambientais, sociais e econômicas para se lidar com as contradições e maximizar sinergias. “É preciso é uma agenda de desenvolvimento global, com os ODS beneficiando todas as pessoas, em todos os lugares”, afirmou ela.
“Precisamos de uma agenda global de desenvolvimento” (Bárbara Dunin)
Alguns cases de empresas que se engajaram na missão de atuar frente aos ODS foram apresentados, como o da MRV Engenharia, que tem a sustentabilidade como um dos pilares da empresa. Thaís Morais, especialista em sustentabilidade da empresa, elencou os principais programas desenvolvidos pela MRV. O Escola Nota 10 é um deles, com resultados bastante promissores. Mais de 1.500 alunos já passaram pelas salas montadas nos canteiros de obra, com aulas de alfabetização, informática ou profissionalizante. “Esta é uma forma de reduzir a desigualdade social, provendo trabalhadores e a comunidade de informação e conhecimento”, disse ela, que também falou sobre os projetos Energia Limpa e Vizinho do Bem, este último de relacionamento comunitário, desenvolvido em comunidades do Rio e Grande Rio, com ações de educação, cidadania, saúde e cultura.
A coordenadora de responsabilidade social da Lafarge Holcim, Tatiana Nogueira, falou sobre o programa Rede América, que qualifica e amplia a ação empresarial para a promoção de comunidades sustentáveis na América Latina. “As lideranças empresariais para esse contexto são fundamentais, então, precisam se interessar pela sociedade, ter habilidade para manejar incertezas e capacidade para atender desafios cotidianos nas relações com Governos e sociedade. Essa forma de atuação permite fomentar a co-responsabilidade, além de criar autonomia, confiança e fortalecer a institucionalidade e contribuir para o desenvolvimento sustentável das cidades”, destacou.
O Programa Comunidade Empreende, promovido pelo Instituto Camargo Corrêa, foi o exemplo levado por seu diretor Kalil Farran. Ele explicou que o objetivo é fortalecer as comunidades, levando a cultura empreendedora para as pessoas da comunidade. Implantado, inicialmente, no entorno da obra do BRT de Salvador, na Bahia, o programa viabilizou oficinas, palestras e bate-papos sobre empreendedorismo para quem queria começar um negócio ou gerar mais renda com seu comércio. “O programa ensina a vender e estimula o pensamento produtivo e criativo. Queremos transformar vidas. Ali, não se tratou de uma obra de infraestrutura apenas, são obras que apoiam o desenvolvimento social dentro de uma comunidade”, disse Farran.
“As obras precisam apoiar o desenvolvimento social de uma comunidade” (Kalil Farran)
Fechando os trabalhos, o consultor da CBIC e da NHK Sustentabilidade, Rafael Tello, apresentou a pesquisa de boas práticas do setor elaborada pela CBIC. O levantamento foi de 2018 e apontou que, por conta das crise, muitas empresas descontinuaram suas ações de responsabilidade social e que ainda há necessidade de uma maior visão empresarial sobre a importância da sustentabilidade. “Essas boas práticas apoiam os ODS, então, é preciso pensar em educação para a sustentabilidade. As empresas precisam entender que menos resíduo é menos custo e mais lucro e que menos problema social é menos risco e mais lucro também”, afirmou ele.
Os presentes ainda tiveram a oportunidade de participar de uma dinâmica em grupo, capitaneada por Bárbara Dunin, para entender o papel da empresas na aplicabilidade dos ODS e como perceber os principais impactos do negócio e de que maneira lidar com eles.
Promovido pela CBIC, em parceria com o Sesi Nacional, a iniciativa integra o projeto de Boas Práticas em Responsabilidade Social da Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da entidade, e contou com apoio do Seconci-Rio, Sinduscon-Rio, Rede América Brasil, Caixa e Rede Brasil.
*Fotos: Lucas Dias (Seconci-RIO) e Maurício Bazilio (Kardel Live Media)